Independente da linha teórica assumida, parece existir um consenso sobre a conceituação de Orientação Profissional. Carvalho (1995) apresenta a Orientação Profissional como o processo de fazer o indidvíduo descobrir e usar suas habilidades naturais e conhecer as fontes de treinamento disponíveis, a fim de que consiga alcançar resultados que tragam o máximo proveito para si e para a sociedade. Segundo essa autora, essa definição não é nova. Claparède (1922) apresentou definição semelhante e tal conceituação tem diso corroborada pelo Occupational Information and Guidance Service of the U. S. Office of Education, o que mantém sua atualidade. Esse conceito veio ampliar a análise do indivíduo, estendendo a orientação para diferentes áreas de sua vida, de acordo com a natureza do problema focalizado. Tendo se desvinculado da Psicologia Educacional e do Trabalho, a Orientação Profissional passou a assumir, como objetivo auxiliar, os indivíduos tanto na situação de primeira escolha profissional, quanto na reescolha ou na readaptação a novas profissões. Isso significou um avanço na concepção psicométrica, para uma concepção mais ampla, menos voltada aos problemas ocupacionais e mais sensível às necessidades das pessoas.
Esta nova concepção ficou conhecida como "modalidade clínica" de Orientação Profissional, tendo nascido, principalmente, da influência dos trabalhos de Rogers em psicoterapia, mas foi, por intermédio de Bohoslavsky (1997), que ela se fortaleceu e alcançou maior expressão. Segundo esse autor, nas formas que ele reúne, sob a denominação de "modalidade estatística", o jovem é assistido por um psicólogo que, por meio de testes, conhece suas patidões e interesses e procura encontrar, entre as oportunidades existentes, aquelas que mais se ajustas às possibilidades e gostos do futuros profissional. Na "modalidade clínica", o jovem é apoiado no seu processo pessoal de compreensão de sua situação, para que possa, assim, chegar a uma decisão pessoal responsável sobre a escolha de uma carreira ou um trabalho.
Lucchiari (1993) afirma que a tarefa da Orientação Profissional é facilitar a escolha ao jovem, auxiliando-o na compreensão de sua situação de vida, incluídos aspectos pessoais, familiares e sociais. Segundo essa autora, é, a partir dessa compreensão, que ele terá mais condições de definir qual a melhor escolha, ou seja, qual a escolha possível, dado seu projeto e suas condições de vida.
Dadas essas considerações, é importante ressaltar que o termo "orientação vocacional" tem sido, atualmente, substituído pelo termo "orientação profissional", numa tentativa de evidenciar um novo posicionamento ético e filosófico da área (Lucchiari, 1993). O termo "vocacional" supõe que exista uma vocação a ser descoberta por alguém capacitado, suposição já superada pela concepção atual do homem como um ser "livre para escolher". Liberdade esta estendida dentro de uma situação específica de vida que por si só configura-se como um limite a ser descoberto e, ao mesmo tempo, ampliado. Segundo Lucchiari (1993), Orientação Profissional parece ser um termo mais adequado, à medida que remete a escolha à análise das opções disponíveis dentro de situação concretas e reais, que num dado momento da vida, serão mais adequadas ao indivíduo e que, em última instância, caberá somente a ele decidir, embora ainda existam restrições, por parte de alguns autores, à utilização desse termo.
* retirado de Moura, C. B.(2004) Orientação Profissional Sob o Enfoque da Análise do Comportamento. Campinas: editora Alínea (1). 19-20.